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15 Julho 2025

Pagamentos instantâneos: a Europa acelera a recuperação de créditos internacionais

O novo acordo entre a European Payments Alliance (EuroPA) e a European Payments Initiative (EPI) marca um avanço concreto na área de recuperação de créditos. Ao interligar redes de pagamentos instantâneos em 15 países europeus, a Europa aproxima-se de um sistema que permite cobrar mais depressa, com menos fricção e maior previsibilidade, sobretudo em contexto internacional.

Este acordo prevê a interligação técnica entre os sistemas de pagamentos digitais já existentes em 15 países europeus, incluindo soluções como MBWay (Portugal), Bizum (Espanha), Bancomat Pay (Itália), Vipps MobilePay (países nórdicos), Blik (Polónia) e IRIS (Grécia), por um lado, e a plataforma Wero (Alemanha, França, Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo), por outro. O resultado será uma infraestrutura comum, com mais de 380 milhões de utilizadores abrangidos, com o objetivo de permitir que consumidores e empresas transfiram fundos para outro país europeu de forma imediata, segura e sem intermediários globais.

Impacto direto na recuperação de créditos

Do ponto de vista da recuperação de créditos, o impacto deste acordo pode ser significativo, sobretudo se bem explorado por quem atua nesta área. Eis algumas implicações práticas diretas:

  • Liquidação imediata: o credor pode receber o valor da dívida em segundos, eliminando os habituais atrasos nas transferências convencionais.
  • Integração com comunicações de cobrança: é possível incorporar links de pagamento instantâneo em notificações, e-mails, portais de cliente ou plataformas de negociação.
  • Automatização e escalabilidade: ao integrar estes sistemas com softwares de gestão de cobranças, será possível acionar cobranças em massa com liquidação praticamente imediata, fundamental para carteiras dispersas ou recuperação em volume.
  • Maior eficácia na cobrança de devedores internacionais: ao contrário das transferências SEPA tradicionais, esta rede interoperável permitirá pagamentos fluídos entre países, sem custos acrescidos, atrasos bancários ou necessidade de dados complexos. O devedor pode pagar usando a sua aplicação habitual, mesmo que esteja noutro país.
  • Previsibilidade e melhor gestão da tesouraria: Pagamentos recebidos no mesmo dia (ou em segundos) permitem reagir mais depressa, reinvestir ou proteger a empresa contra o risco sistémico de incumprimento em cascata.
  • Maior pressão sobre o devedor: com a tecnologia disponível, a justificação da demora perde força. O devedor tem meios para pagar de imediato, o que aumenta a sua responsabilização e reduz os pretextos para adiar.

Por enquanto, a aplicação prática desta rede ainda depende do desenvolvimento técnico das integrações e da adesão dos operadores locais, nomeadamente as instituições financeiras. Mas o caminho está traçado. A visão da Comissão Europeia, de um mercado único digital, também nos pagamentos, começa finalmente a ganhar corpo.

O futuro da cobrança passa pela velocidade

O setor da recuperação de créditos depende, cada vez mais, de três pilares: informação, rapidez e meios eficazes de execução. Os pagamentos instantâneos europeus vêm reforçar o terceiro. Com este acordo, a Europa começa a construir uma verdadeira rede de pagamentos imediatos à escala continental, colocando lado a lado empresas, consumidores e credores.

Para empresas com clientes ou devedores em vários países da UE, este avanço representa uma oportunidade concreta de melhorar as taxas de recuperação, reduzir custos operacionais e aumentar a margem de sucesso em cobranças transfronteiriças.

A recuperação de créditos continua a exigir estratégia, método e rigor jurídico. Mas agora, conta com um novo aliado.

 

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